Tenho de começar por algum lado, acho que vou dizer algo sobre eu mesmo, mais relacionado com as influências que orientaram a minha vida profissional.
Desde muito cedo rapazito de 7 ou 8 anos, sempre gostei de desmanchar todos os brinquedos e aparelhos que encontrava, sim encontrava porque raramente recebia de oferta.
A minha mãe tremia quando eu dizia que queria ser lixeiro (sem desvalorizar a profissão). Dizia ela "chiça rapaz para é que queres ser lixeiro é só porcaria" respondi, não com estas palavras que se seguem mas foi com o mesmo sentido " o lixo de uns é o tesouro de outros" as coisas interessantes que as pessoas deitavam fora, fazia-me impressão.
Bem desmanchava-os para ver como funcionava e tentava reparara-los e foi por ai que comecei a ver como as coisas funcionavam.
Não foi só no lixo, a minha infância e adolescência passou-se num lugar em que era sempre necessário uma manutenção diária e como tinha alguns digamos "privilégios" sempre que vinha o carpinteiro, picheleiro, trolha ou electricista lá ia eu coscuvilhar, aos 12 anos praticamente já conseguia reparar quase tudo nesse prédio infernal com quase 100 anos lá vivi até aos meus 17 anos.
Também a escola ajudou, no clico preparatório tive as disciplinas (não sei se ainda existem) de macanotecnia que englobava electricidade, trabalhar com chapa e soldagem, carpintaria, etc. Gostava muito era aluno de 4/5 valores sem grande esforço, também tive outra disciplina Têxteis e qualquer coisa, também gostava bastante.
Aos 17 anos decidi, não... a minha mãe decidiu e bem! Que eu deveria frequentar um curso de electrónica analise e construção de circuitos electrónicos e com especialização final em telecomunicações.
Era no Porto e no horário nocturno chegava a casa todos os dias pelas 2 horas da noite para me levantar às 7h30 para ir trabalhar em part-time até ao meio-dia. Part-time esse que me pagou as despesas com a minha carta de condução, um aparelho de musica hi-fi uma TV e um vídeo. Deu tudo certo iniciei com 17 anos com o código e fui fazer o exame de condução com 18 anos e meio.
Com o curso acabado, com diploma 12 valores (podia ter sido melhor mas tinha pouco tempo) e carta de condução, consegui o meu e único verdadeiro emprego, numa empresa de instalação de sistemas de climatização empresa essa que influenciou o destino da minha vida profissional.
Dizia o meu patrão que eu era um funcionário polivalente, cheguei a fazer a instalação eléctrica do armazém, instalei aparelhos de ar condicionado, aquecimento central, ventilação, pichelaria fazia de tudo, ao fim de dois anos já era chefe de equipa.
Gostei de lá trabalhar os 8 anos, foi um bom percurso profissional e também tive um bom patrão, tinha as sua neuras mas no fundo era boa pessoa acho que não havia queixas de ambas as partes, eu era um rapaz esforçado e o patrão pagava sempre a horas e era bastante tolerante.
Não me esqueço mais, não o convidei para o meu casamento porque achei que o ia livrar de arranjar uma desculpa para não comparecer, no fim do mês e junto com o salário deu-me a prenda, 600€ fiquei mesmo admirado, fui agradecer e disse-me ele que eu merecia. Isto sim, é apoio moral.
Entretanto fui chamado para cumprir o serviço militar obrigatório, na altura 8 meses.
Gostei muito, nunca estive em tão boa forma como na altura, foi também uma excelente alavanca de autoconfiança, no meio de mais ou menos 2500 e tal indivíduos eu fiquei classificado em 12º lugar, absolutamente fantástico.
Estou a falar do serviço militar porque também me ajudou no futuro, adivinhem lá qual foi a minha especialidade...
Condutor de pesados, conduzi desde blindados, camiões,
Unimog, Umm, Mercedes, DAF, EBRO, o verdadeiro Jeep a gasolina e com 3 velocidades, autocarros, sei lá... só faltou motas.
Adivinhem lá outra vez o que eu tive de lá estudar?
Mecânica e electricidade automóvel, ora digam lá se não ajuda um autodidata como eu.
Acho que isto está a ficar um bocado comprido!!! Acho que vou fazer um intervalo.
Bem arranjei mais um pouco de tempo para continuar.
Acabado o serviço militar voltei novamente para a empresa, onde infelizmente ou não depende do ponto de vista. Tive um grande acidente de trabalho quase perdi a vida e fiquei marcado para o resto da minha existência, parti a bacia, esmaguei os pulsos e sem falar do meu rosto.
Estive 2 anos sem poder fazer nada, imaginem o que era comer ou fazer as necessidades, com ajuda preciosa da minha família e sobre tudo da minha esposa que foi uma ajuda fundamental na minha recuperação, bem fica por aqui já parece um filme melodramático.
Bem o acidente deu-me tempo para pensar na vida, aos poucos comecei a trabalhar conforme podia em pequenas reparações nos vizinhos e amigos, decidi ser empresário por conta própria.
Desde reparações em electrodomésticos biscates que ninguém queria até que comecei a trabalhar com um amigo ex. colega de trabalho. Montei instalações eléctricas ar condicionado, energia solar, aquecimento central, praticamente fizemos de tudo um pouco.
Ao mesmo tempo frequentei vários cursos de formação, os primeiros foram na Roca visto que instalávamos bastantes sistemas de aquecimento dessa marca. Os outro foram frequentados conforme as necessidades, instalador de redes de gás, mecânico de aparelhos de gás, soldador de tubagem de cobre, instalador de energia solar térmica e outros mais.
E assim continuei a trabalhas por mais uns poucos de anos, até aparecer esta tal crise que está afectar praticamente toda a gente, o trabalho começou a escassear e comecei a pensar no plano B e ainda estou a pensar...